Quando criança, todos nós temos sonhos, temos desejos, e tudo graças ao que vemos na televisão, como por exemplo, ser um astronauta, policial, bombeiro, médico e outras profissões que viamos serem importantes nos desenhos. Porém com o tempo passando, fui conhecendo mais a vida, e entendendo mais um pouco sobre ela a cada dia, e quando entrei no futsal da minha escola, foi apenas por diversão e o tempo passando, notei que meu sonho mesmo, era ser um jogador de futsal, famoso, e que todos admirassem, pois até então, não sabia que poderia participar de campeonatos, conquistar medalhas e tudo mais.
O tempo passou, meus companheiros de treino tiveram seus destinos, alguns ficaram comigo, alguns sairam do treino ou apenas desistiram por não verem como algo sério, mas outros, foram para um lugar melhor, outro time em que meu treinador os treinava, e só os melhores foram chamados para lá, e todo ano eu sempre busquei me esforçar para poder ser convidado para lá, porém até hoje tenho este desejo. Muitos que foram para lá, sairam dali e foram pra times maiores, e até um deles foi jogar no exterior, enquanto eu continuei ali, deixei de ser o 'saco de pancada' deles, mas foi bom ter sido, já que minha vontade e desejo cresciam a cada erro meu, a cada risada, e a cada vez que não acreditavam em mim.
Eram poucos os que acreditavam na minha vontade, porém só uma pessoa sentia meu desejo, e a felicidade que eu tinha ao ter um pouco de reconhecimento. Em 2008 coloquei na cabeça que seria titular no torneio escolares, foquei, passei o ano inteiro treinando e no dia, finalmente eu consegui, porém infelizmente não tive todo o desempenho valorizado no dia do jogo, talvez eu não estivesse preparado ainda, mas mesmo assim joguei com paixão, e me senti bem ao sair da quadra. Ano seguinte, eu tive a mesma ambissão, e mesmo com um tratamento que eu estava fazendo, deixando minha musculatura fraca, resolvi continuar, treinar com o corpo fraco, pois assim deixando-o forte, no fim do tratamento ele voltaria mais forte do que era, e meus desejos mudaram, não queria mais ser famoso, e sim, reconhecido, e meu desejo aumentava mais e mais quando meus próprios amigos, de um time que eu formei, riam de mim, debochavam da minha cara, dizendo que eu não sabia jogar, não devia nem entrar em quadra, e sempre me deixavam de lado. Mal sabem eles, que eu tinha algo diferente deles o tempo todo, algo que me fazia um campeão por si só, mas eu não sabia disso, e sempre ficava com raiva, tentando provar que eu era bom, que eu podia calar a boca deles, e essa ambição resultou em um punho quebrado, que depois de um ano e pouco, ainda tem-se sequelas daquele dia. 2010, meu último ano treinando na escola, minhas esperanças de ser um profissional já estavam acabando, não tinha mais motivação, então resolvi jogar apenas por prazer, pelo amor de ficar duas horas em quadra chutando uma bola, e com isso, desenvolvi um chute forte, que aprendi a controlar e todos me conheciam por essa minha qualidade, e com o tempo fui vendo, que sempre iam me reconhecendo, por eu ser o mais experiente de todo o treino, já que treinava ali fazia cinco anos, e confiavam em mim, não me deixavam de lado por causa de outros, não evitavam de passar a bola pra mim por medo de eu errar o chute, eles confiavam e gostavam de mim.
Percebi que eu era reconhecido, no dia em que foi anunciada a copa its, com olheiros nacionais e internacionais, e meu treinador deu o folder para mim, dizendo para eu organizar o time, escreve-los e ser responsavel por eles. Foi o que eu fiz, consegui dois times na categoria sub-15, e sub-17, este era meu ultimo campeonato, minha ultima chance, e não a desperdicei, porém, no dia, meu sub-15 perdeu, e o sub-17 continuava bem, não tive a chance de demonstrar que eu sou bom, infelizmente, mas não foi desculpa pra não demonstrar garra, dei tudo de mim aquele dia, e a coisa que me fez ficar feliz naquele dia, foi quando meu treinador disse pra eu não driblar, não correr com a bola, apenas mirar e chutar, ja que eu tinha o chute mais forte deles, ele confiava em mim, todos confiavam, mas na primeira oportunidade de chute, o juiz apitou e deu-se o intervalo. Infelizmente perdemos, mas não perdemos por incapacidade, e sim, por um jogador ter dado um carrinho no meu goleiro, com os dois pés no peito dele, fazendo-o perder a bola, e resultando em um gol, no qual deveria ser anulado pela falta, mas o árbitro fingiu não ter visto. Fiquei triste de ver o meu goleiro ser chamado para o Aderbal, enquanto eu estava ali, sentado, sem ninguem vir me dizer que foi um bom jogo e valeu a pena.
Mas então, percebi, que não preciso ser famoso, não preciso ser o favorito, fazer gols e tudo mais para ser o melhor, nem ter habilidades que deixam qualquer um de boca aberta, e muito menos me fazer de melhor que os outros, por eu saber algo que não sabem (acreditem, faziam isso comigo, e não sabiam nem dominar uma bola sem arrumar o cabelo), eu apenas precisava ter o amor pelo esporte dentro de mim, e isso eu tinha pra dar e vender, no fim, fui um vencedor, por ser reconhecido por todos que treinavam comigo, por ter a confiança deles, e sentir que eu era o favorito deles. Não, não estou me gabando e nem dizendo que sou o melhor, eu sei o que sou capaz, e apenas gostei de ter visto que fui valorizado por isso.
Hoje, pendurei minha camisa na parede, junto de minhas medalhas, que mesmo sendo de segundo lugar, são de orgulho para mim, já que foram conquistas, provando-me onde pude chegar, e até onde eu poderia alcançar se me esforçasse melhor. Ganhei um apelido, que no começo era apenas uma zoação, mas com o tempo foi se tornando um nome, um nome que ninguem poderá ocupar o lugar, apenas na zoação talvez, mas nunca, no significado real de carregar esse nome nas costas. Honrar a camisa que se veste, e orgulha-se das conquistas, este é meu lema. E quem rir dos meus segundos lugares, eu afirmo sim, que tenho orgulho de tê-los na minha parede, e não numa lata de lixo.